Portugal continua lindo, mas o bolso de muita gente não está acompanhando. Cada vez mais brasileiros estão arrumando as malas e deixando o país por causa do custo de vida em alta – especialmente no aluguel e no supermercado. E, para completar, a burocracia de residência tem travado planos e viagens. 😕

Os números contam essa história: a inflação voltou a subir e chegou a 2,8% em 12 meses até agosto de 2025 (em julho era 2,6%). Os alimentos subiram 4,0%, a maior alta desde outubro de 2023. No aluguel, o preço médio nacional atingiu €16,8/m² em agosto, alta de 0,7% no mês e 3,3% no ano, segundo o Idealista. Em áreas de Lisboa, relatos mostram T1 que custava cerca de €935 há dois anos indo para €1.250 agora. 🏠

O que está por trás disso? Uma combinação de fatores: crise energética pós-guerra na Ucrânia, juros altos do BCE, atraso na construção de novas casas, e a turistificação de Lisboa e Porto, que tirou oferta do arrendamento de longo prazo. Some a entrada de profissionais de alta renda (como os de visto de nômade digital) disputando o mesmo mercado de moradia de estudantes e recém-chegados. Resultado: preços de referência cada vez mais distantes da renda média. 💸

Na prática, especialistas apontam que, em Lisboa e Porto, o aluguel pode consumir 40% a 60% da renda familiar. Com salário mínimo de €870, fica difícil fechar a conta. A gentrificação veio acelerada: mais alojamento local, mais fundos imobiliários, menos habitação pública – e famílias sendo empurradas para a periferia. 🌆

E como isso bate na vida real? Brasileiros têm tomado caminhos diferentes: há quem retorne ao Brasil ao concluir que, recebendo em euro/dólar de clientes de fora, vive melhor em cidades brasileiras; há quem migre dentro da Europa, como para Barcelona (Espanha) ou Ghent (Bélgica), buscando salários maiores, aluguel mais em conta e transporte público mais eficiente. Também pesou, para alguns, o clima anti-imigração em ascensão.

No papel, Portugal mantém facilidades para a comunidade CPLP e acelerou a regularização de muita gente. Mas existe um descompasso: a entrada legal está mais simples, enquanto a permanência material fica cara. Dados de 2023 mostram que brasileiros são 52,4% das notificações de Abandono Voluntário, e que 81,2% dos beneficiários do Retorno Voluntário são do Brasil. Para completar, o governo anunciou a saída de 33.983 estrangeiros em situação irregular, incluindo 5.386 brasileiros – o que acendeu alertas na comunidade. 🧳

Especialistas alertam: se a cidade perde imigrantes, perde diversidade, força de trabalho e vitalidade econômica. Sem resposta robusta em habitação pública e regulação de curto prazo, a pressão sobre os aluguéis segue alta.

O que muda para você? Se está em Portugal (ou pensando em ir), o cenário pede planejamento fino: renda, aluguel, prazos de documentos e plano B na manga. ✍️

O que fazer agora? (passo a passo prático)

✅ Refaça seu orçamento com preços atuais: aluguel (use €16,8/m² como referência nacional), contas e mercado (+4% em alimentos no ano). Simule 12 meses.

✅ Mapeie alternativas dentro de Portugal: cidades como Braga, Aveiro e Setúbal tendem a ter aluguel mais baixo que Lisboa/Porto.

✅ Renegocie o contrato: proponha prazos maiores, revisão anual indexada e pequenas melhorias em troca de estabilidade. Considere coliving ou dividir moradia para reduzir custo.

✅ Consulte a AIMA sobre prazos de renovação e, se necessário, a Notificação de Abandono Voluntário (evita restrições futuras) e o Retorno Voluntário (apoio logístico/financeiro).

✅ Compare rotas na UE: avalie Espanha (ex.: Barcelona, Valência) e Bélgica (ex.: Ghent) cruzando salário líquido vs. aluguel e transporte. Veja exigências legais antes de mudar.

✅ Renda em moeda forte? Avalie viver no Brasil ou em cidades portuguesas mais baratas mantendo clientes no exterior. Pode dar mais folga no orçamento.

✅ Crie uma reserva de 3 a 6 meses de custos totais e deixe documentos (contratos, recibos, comprovações) organizados para qualquer decisão.

Respira. Informação é poder. Com um bom plano, dá para recuperar a qualidade de vida – seja ficando, mudando de cidade ou repatriando. 💙